O ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho,
afirmou na manhã desta segunda-feira, 2, que o governo está em "situação
de emergência" em razão das denúncias de espionagem à presidente Dilma
Rousseff e a seus assessores pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla
em inglês) dos Estados Unidos. Carvalho foi um dos assessores convocados por
Dilma para uma reunião nesta manhã. O encontro não estava previsto na agenda
oficial da presidente. "Estamos numa situação de emergência
por causa dessas denúncias de espionagem", afirmou o ministro,
referindo-se às novas denúncias, reveladas por reportagem programa Fantástico,
da TV Globo, neste domingo, 1º. Carvalho ressalvou, no entanto, que não sabia
se esse era o assunto do encontro, mas que estava sendo convocado pela
presidente para uma reunião.
O
ministro participava da abertura do 4º Fórum Interconselhos do Plano Plurianual
(PPA) e justificou que não poderia permanecer no evento por ter sido convocado
para um encontro com a presidente. "Não sei se o assunto é esse".
Questionado pela imprensa, o ministro evitou fazer mais comentários e alegou
pressa para ir para o encontro.
Participaram
também da reunião os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Celso Amorim
(Defesa), e Paulo Bernardo (Comunicações). O novo ministro das Relações
Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, também foi ao Planalto, depois de
se reunir com o embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon.
Nesse
domingo, à TV Globo, Cardozo classificou o ato do governo norte-americano como
"inadmissível" e afirmou que cobrará explicações formais. Nesta
tarde, Cardozo e Figueiredo vão falar sobre as denúncias, segundo informações
da assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores.
Em seu
perfil no Twitter, a ministra-chefe da secretaria de Direitos Humanos, Maria do
Rosário, disse que as "novas informações sobre a espionagem da NSA indicam
grau máximo de desrespeito à soberania do País". Segundo ela, a violação
de informações de dirigentes e cidadãos de nações soberanas deve ser tema
central das Nações Unidas. "É violação também de direitos humanos",
postou a ministra.
O líder
do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), informou que vai sugerir um
protesto formal do Congresso Nacional contra a espionagem norte-americana.
"Me parece não haver dúvidas de que houve espionagem. Isso fere a nossa
soberania, invade a nossa privacidade e, no caso da presidente Dilma, é de um
abuso inaceitável", criticou o deputado.
Em
agosto, o ex-agente da Agência de Segurança Nacional Edward Snowden revelou
documentos que indicariam a interceptação de informações de cidadãos
brasileiros pelo governo dos EUA. No dia 13 daquele mês, a presidente recebeu
no Palácio do Planalto o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry,
que tentou prestar esclarecimentos sobre a espionagem norte-americana. Na
ocasião, o Planalto considerou insatisfatória a explicação de Kerry. /
Colaboraram Sandra Manfrini e Rafael Moraes Moura
Fonte: Estadão.com.br
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