Um grupo de moradores ligado
à Sociedade União dos Mineiros, no município de Lençóis, na Chapada Diamantina,
realizou um protesto na ultima terça-feira (28) pedindo a saída do padre
responsável pela Igreja Nosso Senhor do Passos. Em entrevista à TV Bahia, uma
moradora do município que participou da manifestação, Rilza Ribeiro, disse que
o pároco local realizou mudanças na tradicional festa do padroeiro da cidade
que não agradaram a população. A modificação mais polêmica, segundo a moradora,
foi a proibição da participação dos garimpeiros na organização da festa, o que
ocorria há 87 anos. Ainda segundo a moradora, há três anos o mesmo padre proibiu
que o cortejo das baianas fizesse a tradiconal lavagem da igreja. Entrevistado
pela TV Bahia, o padre Gercival Vieira disse que respeita as tradições
culturais e religiosas do município e atribui o protesto a uma questão política
e partidária. Segundo o padre, todas as mudanças na festa foram decididas com a
Diocese de Irecê, que é responsável pela paróquia de Lençóis. O padre ainda diz
que o protesto não representa a maioria da população. Sobre a proibição da
lavagem dentro da igreja, o padre explicou que muitas pessoas entravam no local
com bebidas e acabavam confundindo as homenagens religiosas com o lado profano.
Os festejos ao Nosso Senhor dos Passos começaram no dia 23 de janeiro e chegam
ao fim no próximo domingo (2). Com informações do G1.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
CASA DO RIO VERMELHO TERÁ 20 ESPAÇOS COM HISTÓRIAS DE JORGE AMADO
O prefeito ACM Neto assinou na manhã desta sexta-feira (31) o termo de cessão
do uso do imóvel onde moravam os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai para
transformá-lo em memorial. Serão investidos R$ 6 milhões no espaço, sendo R$ 3
milhões oriundos da Prefeitura e o restante da iniciativa privada através da
Lei Rouanet. O imóvel, que estava fechado há 11 anos, chamado Casa do Rio
Vermelho, contará com 20 espaços temáticos que contarão as histórias do casal,
que viveu no local no período de 1964-2001. O termo de cessão será válido por
10 anos. A casa de número 33, da rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, é o
primeiro de 11 equipamentos turísticos e culturais que serão entregues pelo
poder público municipal até 2015.
“Será um museu para visitação de pessoas do mundo inteiro, lembrando e contando toda a história de Jorge e Zélia, mas também estimulando jovens, principalmente da nossa cidade, a terem proximidade com a literatura. Teremos aqui um museu de vanguarda, que servirá de referência, e que fará justiça com a nossa história. Estamos, portanto, resgatando os valores da nossa terra e oferecendo mais um espaço de cultura e turismo na cidade. Sobretudo, garantimos a longevidade da obra do casal”, afirmou o prefeito, que pretende inaugurar o memorial no dia 2 de julho, quando se comemora a independência da Bahia e aniversário de Zélia Gattai.
O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, explicou que não serão feitas grandes mudanças no equipamento para preservar seu perfil arquitetônico. “Como ela era e como é hoje obedece a convivência de Jorge e Zélia, e é uma afronta querer mexer na casa. O que faremos serão intervenções para permitir acessibilidade e melhor mobilidade na casa, além de revisão elétrica e hidráulica. Ou seja, são ações mínimas do ponto de vista arquitetônico para que consigamos preservar a casa como ela era e trazer de volta os móveis e objetos que estavam no local enquanto Jorge e Zélia viviam. Vamos ainda aplicar novas tecnologias, elementos de cenografia, que vão fazer com que o público tenha interatividade com as obras”, observou.
O imóvel foi dividido nas seguintes partes: "Jorge Amado – muita vida, tantas obras"; "Zélia Gattai – companheira graças a Deus"; “Academia dos Rebeldes”; "Um contador de histórias na língua do povo"; "As criaturas de Jorge Amado"; "A cidade da Bahia, oriente do mundo"; "Os orixás; os amados sabores de Jorge"; "Trocando cartas"; "Ilustres ilustrações"; "Tela, telinha e teatro – outras leituras de Jorge Amado"; "O comunista Jorge Amado"; "O viajante Jorge Amado"; "Amores e amantes amadiantes"; "Os visitantes da Casa do Rio Vermelho"; "Dona Lalú; sapos e surpresas"; "Depoimentos, vídeos e filmagens sobre Jorge Amado"; "Resumo de cada obra do autor"; "Repertório bibliográfico de Jorge Amado".
Cada espaço contará diferentes aspectos da obra do escritor usando recursos tecnológicos de ponta, vídeos, projeções, efeitos especiais de som e música, interatividades com o público, transformando a visita em um mergulho sensorial no universo de Jorge e Zélia. O visitante vai poder percorrer o imóvel de mais de mil metros quadrados, incluindo o jardim, onde as cinzas do casal foram depositadas. A expectativa é receber até 10 mil visitantes por mês e 50 mil na alta estação. O objetivo é deixar o local o mais fiel possível à época em que o casal viveu no imóvel. A ideia é que o memorial seja autossustentável e, para isso, uma taxa de visitação será cobrada. O espaço vai contar com uma loja de souvenire e um café.
A Casa – No número 33 da rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, fica situada a casa onde viveram por 47 anos Jorge Amado e Zélia Gattai. A Casa do Rio Vermelho, como é conhecida, onde Jorge Amado escreveu muitos dos seus romances, guarda, no seu jardim, na cozinha, nos cômodos, na biblioteca, no rico acervo de obras de arte e inúmeras histórias tecidas nos encontros com amigos, artistas e os muitos visitantes ilustres que por lá passaram.
Comprada em 1960 com dinheiro da venda dos direitos do livro Gabriela,
Cravo e Canela para a MGM, a casa mais tarde virara título do livro de Zélia
publicado em 2002, contando a história vivida pelo casal quando moraram por lá.
No local, o casal recebeu visitas ilustres como Glauber Rocha, Pablo Neruda,
Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack Nicholson, Sartre e Simone de
Beauvoir entre tantos outros.
Participaram da solenidade de hoje
Paloma e João Jorge Amado, filhos de Jorge Amado e Zélia Gattai. Eles
agradeceram à Prefeitura pela iniciativa e se colocaram à inteira disposição
para auxiliar no projeto do memorial.
As informações são da Agecom Salvador (agecom@salvador.ba.gov.br)
COPA DO BRASIL 2014,TEM GASTOS PÚBLICOS RECORDES EM BENEFÍCIO DA INICIATIVA PRIVADA
O
Brasil tinha a chance de gerar lucro e mudanças importantes com a Copa do Mundo
deste ano, sem realizar nenhum gasto público, como fez os Estados Unidos no
evento de 1994. A poucos meses para os jogos, porém, se mostra o maior gastador
de verbas do governo em Mundial de Futebol, em nome de um evento que deve
beneficiar principalmente, ou apenas, a iniciativa privada. Que pode ainda
gerar desemprego e outras consequências negativas. Qualquer coisa que se ganhe
com a Copa de 2014, então, pode não se comparar ao preço que o país já começou
a pagar. Uma das grandes paixões do brasileiro, que virou parte da cultura
principalmente nas camadas mais pobres da sociedade, de onde sai, inclusive, a
maior parte dos jogadores, agora se volta cada vez mais à elite.
Apenas
um terço dos ingressos dos jogos da Copa estão disponíveis para o torcedor
brasileiro pela distribuição inicial da Fifa, de acordo com artigo do blog do
Rodrigo Mattos, no Uol Esporte. Com 12 cidades-sede, nenhum outro Mundial teve
uma oferta de assentos tão grande, mas nem por isso os brasileiros ganharam
facilidade para conseguir uma entrada, que não são baratas, inclusive.
Como
ressaltou Christopher Gaffney à Carta Capital em 2011, a Copa era a
oportunidade de usar um investimento federal em benefício da população, mas se
tornou um evento esportivo financiado com dinheiro público para o lucro
privado: "o governo assume o risco e os patrocinadores é que vão receber
os benefícios".
Conforme
o país adota uma posição mais mercantilista em relação ao futebol, também perde
posições no ranking da Fifa. Chegou à 18ª posição em 2012 e agora subiu para a
10a., depois de anos no primeiro lugar. Os meninos brasileiros que crescem com
o sonho de se tornarem jogadores, ao mesmo tempo, viraram produtos de
exportação para times estrangeiros, até mesmo antes de passar por qualquer time
nacional. Muitos, inclusive, são enganados e explorados lá fora. O público nos
estádios brasileiros vem caindo ano a ano também. Na década passada, o
ex-presidente Lula chegou a comentar que a massiva exportação de jogadores
brasileiros acabava ofuscando o desempenho dos times do país.
Os ingressos
Foram
muitas as manifestações pelo Brasil inteiro contra os gastos na Copa. Muitos,
inclusive, torcem para que dê tudo errado e ela não aconteça. Outros, animados
com promessa de bom entretenimento, se empenharam para conseguir um ingresso
para os jogos. A sorte, no entanto, não sorriu para todos. Em novembro, o
Procon alertava que mais de seis milhões de torcedores que se inscreveram para
o sorteio no site da Fifa, não foram devidamente informados sobre
as etapas e critérios da seleção. Um sorteio obscuro, classificou o advogado
Ricardo Amitay Kutwak. Para o jurista, não foi surpreendente o fato da
federação não divulgar os critérios de sorteio, assim como não divulgar os
nomes das pessoas contempladas.
Em
novembro, o jornal argentino Clarín publicou uma reportagem para criticar a
metodologia de sorteio de ingressos pela Fifa. Fontes ligadas à AFA
(Associação Argentina de Futebol) revelaram ao jornal que a compra de bilhetes
para a Copa por empresas de viagens foi excepcional, com óbvio objetivo de
revenda. No Brasil, grandes marcas que apoiam ou patrocinam a Copa promoveram
campanhas de Natal com sorteios de ingressos para os principais jogos. Somente
uma rede nacional de lojas esportivas disponibilizava 200 entradas para o
primeiro jogo da competição, que será realizado no dia 12 de junho, em São
Paulo.
O
Departamento de Imprensa da Fifa informou ao JB que nenhuma empresa,
além dela, está autorizada oficialmente a comercializar ingressos. O único
canal para o torcedor comum conseguir um passe é o site da própria Fifa. Quando
o primeiro lote de quase 1,1 milhão de ingressos foi alocado no ano passado,
cerca de 62% foram para brasileiros e 38% para compradores internacionais,
disse a federação. Os cinco principais países interessados foram o Brasil,
seguido pelos Estados Unidos, Austrália, Inglaterra e Argentina.
A
população dos estados que vão receber a Copa é equivalente a 74% da população
brasileira - em julho de 2013, o país contava com 148.972.739 de habitantes nas
12 cidades-sede, de acordo com o IBGE. Ao todo, os estádios das 12 cidades-sede
da Copa têm capacidade para 675 mil pessoas, a maior oferta de assentos entre
as últimas Copas.
Os
estados americanos que sediaram o megaevento em 1994 tinham uma população em
torno de 114.563 milhões de habitantes, ou 44% da população total do país na
época. Esses norte-americanos, vale ressaltar, tinham uma capacidade e
disposição superior ao dos brasileiros para o consumo. Agora que grande parte
da população do Brasil começa a romper barreiras e a comprar elementos
considerados básicos, como móveis e eletrodomésticos. Não são todos que podem
tentar – porque não se sabe se conseguirão – comprar um ingresso. Os parceiros
comerciais da Fifa, que podem promover concursos culturais ou sorteios para
distribuir os ingressos aos seus clientes, também não atingem a toda a
população brasileira e, alguns deles, chegam apenas a uma minoria.
A
Emirates, por exemplo, parceira comercial, é a principal companhia aérea dos
Emirados Árabes Unidos, eleita a Melhor Cia Aérea do Mundo pela Skytrax 2013.
Ela oferece viagens no Brasil para destinos exóticos, como o Vietnã e outras
rotas asiáticas. A Fifa conta com Parceiros, como a Emirates, com os
patrocinadores da Copa deste ano, e também com apoiadores nacionais, em um
total de 22 empresas.
Os
patrocinadores do evento deste ano são a cervejaria Budweiser, a produtora de
óleos lubrificantes Castrol, o grupo automotivo Continental, a Johnson &
Johnson, o Mc Donald's, a Oi, a Moy Park e a Yingli. A Moy Park é reconhecida
como uma das maiores produtoras de aves orgânicas e milho para aves na Europa.
A Yingli, por sua vez, se apresenta em seu website como a maior
produtora de painéis solares do mundo, cuja missão seria oferecer energia verde
acessível para todos. Já entre os apoiadores nacionais estão a Centauro, o
Itaú, a Apex Brasil, a Garoto, a Liberty Seguros e o Wise Up.
Mais
da metade dos 3,3 milhões de bilhetes da distribuição inicial da Fifa vai para
a federação internacional, associações nacionais de futebol, CBF, parceiros
comerciais, Vips, Comitê Organizador, governo federal, entre outros, além da
fatia destinada a estrangeiros, de acordo com artigo de Rodrigo Mattos. As
entradas podem ser comercializadas posteriormente, mas apenas se todos os
parceiros anunciarem desinteresse, o que se acredita que não deve acontecer
nesta edição.
No
total, indica Rodrigo, os bilhetes disponíveis para o torcedor comum brasileiro
somam 1,127 milhão (33,8% do total), sendo que parte deles também tem
restrições ou preferências para determinados grupos. Só 700 mil bilhetes,
contabiliza, serão vendidos em condições de igualdade para qualquer torcedor do
mundo, inclusive os do Brasil.
"Quem
leva mais vantagem na divisão são os parceiros comerciais, que ficam com 605
mil entradas. Eles pagam por isso e podem fazer promoções para torcedores, como
ressalta a Fifa. Outros 445 mil são para empresas de hospitalidade, que incluem
as que vendem pacotes milionários com hospedagem e outros serviços para
torcedores abastados. Televisões e rádio com direitos de transmissão ficam com
66 mil bilhetes", alerta Rodrigo.
De paixão popular ao futebol para a elite
Grandes
times brasileiros têm uma dívida em torno de R$ 4 bi em impostos aos cofres
públicos, mesma quantia anunciada como lucro da Fifa com a Copa, e que poderia
ser aplicada em saúde, educação e infraestrutura. Além disso, o país acabou se
tornando também um grande exportador de jogadores para outros países e, basta
uma olhada no histórico desses atletas do país para perceber que a grande
maioria vem de famílias pobres.
Uma
figura que representa um pouco a situação a qual chegou o futebol é Sandro
Rosell, ex- presidente do Barcelona, ex-representante da Nike no Brasil e amigo
pessoal de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Como o Estadão
revelou no ano passado, parte do dinheiro pago à CBF por times no mundo inteiro
como cachê para enfrentar a seleção não era depositada em contas no país, mas
direcionadas a empresas com sede nos Estados Unidos, registradas em nome de
Sandro Rosell.
Rosell
chegou a ser investigado no Brasil por causa de um amistoso entre Brasil x
Portugal, em Brasília, em novembro de 2008. Em 2011, a Polícia Civil do
Distrito Federal suspeitava de um superfaturamento na organização do amistoso,
com gastos enormes com estadias e transporte das equipes.
Na
semana passada, Rosell decidiu deixar o cargo após a Justiça espanhola acolher
uma denúncia contra ele por irregularidades na contratação de Neymar. De acordo
com o jornal El Mundo, de Madri, a compra de Neymar teria custado 95 milhões de
euros (R$ 308 milhões), e não os 38 milhões (R$ 127 milhões) declarados pelo
presidente. Segundo a Justiça espanhola, a documentação entregue pelo clube
possui indícios suficientes para sustentar o início de um inquérito.
Os gastos e o retorno das últimas Copas
O
geógrafo Gaffney reforçou em entrevista para a Carta Capital que a Fifa conta
com cinco ou seis pessoas comandando, ligadas diretamente ao Ricardo Teixeira.
A estrutura, alertou, permite que ninguém assuma responsabilidades, pois quando
surge um problema "o COL joga para o Ministério do Esporte, que pode jogar
para a Infraero, que joga para a CBF, que diz que não tem nada com isso porque
diz que os contratos são com as cidades, que pode jogar para o Estado, que pode
jogar para a CBF. Não existe uma estrutura centralizada da Copa. E se você
procura informações sobre a organização na internet, você chega só nas páginas
da Fifa. Não há informações. E depois, quando apertar, a responsabilidade vai
cair no colo do governo federal, como houve no Pan e na Olimpíada."
No
total, para todas as cidades-sede brasileiras, a previsão de aplicação de
recursos do TCU é de R$ 8,3 bi em financiamentos federais, R$ 6,3 bi em
recursos diretos federais, R$ 4 bi estaduais, R$ 1 bi municipais e R$ 4 bi de
outras fontes - em um total previsto de R$ 25,9 bi. Artigo do pesquisador e
consultor da Trevisan Gestão do Esporte e diretor da Trevisan Escola de
Negócios, Fernando Trevisan, no Portal 2014, reforça que, além de empréstimos
do BNDES, outra forma de presença de recursos públicos nos estádios é pela
isenção de pagamento de tributos. Trevisan aponta que, de acordo com o Tribunal
de Contas da União, o governo vai deixar de arrecadar RS 461 milhões - o que
não chega a representar tanto, considerando que o setor automotivo deixou de
pagar R$ 7,9 bilhões em tributos desde 2008, por conta de políticas de
incentivo governamental.
Os
Estados Unidos, durante a Copa de 1994, receberam 400 mil turistas e não precisaram
gastar um centavo para receber o evento, já que toda a infra-estrutura estava
pronta. De acordo com estudos da Universidade de Nova Iorque, o principal
objetivo dos Estados Unidos em sediar a Copa do Mundo foi o de promover o
futebol no país. Nova Iorque, São Francisco e Boston tiveram receita de U$ 1,45
bilhão. Na indústria hoteleira, o crescimento, em comparação com o ano
anterior, foi de 10%, e na indústria de alimentos e bebidas, de 15%.
O
evento no Japão e Coreia, em 2002, deixou grandes prejuízos para o primeiro
país. Segundo o membro da comissão da Copa no Japão, Ichiro Hirose, o país não
teve um planejamento estratégico para a utilização dos estádios após o evento
e, como os custos de manutenção desses espaços são muito altos, tem enfrentado
um prejuízo de cerca de U$ 5 milhões por ano ao governo japonês. O impacto,
contudo, de acordo com o Dentsu Institute dor Human Studies, teria sido da
ordem de US$ 24,8 bi na economia japonesa e de US$ 8,9 bi na economia
coreana.
A
Copa na Alemanha, em 2006, custou US$ 6 bi, e o país recebeu 2 milhões de
turistas. O setor público financiou um terço dos 2 bilhões de dólares gastos
nas obras nos estádios. Não gastou quase nada e o lucro foi grande. Durante as
quatro semanas, o incremento de receita gerado por gastos de turistas foi de
300 milhões de euros. Brenke e Wagner, todavia, constataram que o desemprego
após a realização do evento tende a crescer. Gert Wagner, do Instituto Alemão
de Pesquisa Econômica, por sua vez, analisou o impacto da Copa de 2006 como
minúsculo diante da magnitude da economia alemã. Ainda assim, houve incremento
no turismo. O gasto médio de turistas em 2005 na Alemanha era de 174 euros por
dia, durante a Copa, o valor subiu para 400 euros. No ano seguinte, o país
também registrou aumento de pernoites e chegada de turistas.
A
Copa da África do Sul, em 2010, custou US$ 8 bilhões. Os investimentos em
infraestrutura urbana foram muito elevados em comparação com a Alemanha, que já
tinha a maior parte dos estádios e arenas, mas bem menor que os do Brasil. Os
salários na África, porém, são menores que os da Alemanha, por exemplo, o que
representa redução dos custos operacionais e de infraestrutura. O evento teve a
previsão inicial de gastos de R$ 2,1 bilhões. A dívida sul-africana com as
obras do Mundial eram de 4 bilhões de dólares para sediar a Copa, a mesma
quantia que a Fifa anunciou como lucro. Para um país com tantas carências, como
o Brasil, foi um grande gasto para dar lucro a uma empresa privada.
De
acordo com estudo do Dieese, entre as obras definidas para que as cidades-sede
no Brasil possam receber o megaevento, estavam 13 estádios e 50 projetos de
mobilidade urbana - a metade ligada a portos e aeroportos. Outros projetos
ainda necessários, como de tecnologia da informação e sustentabilidade
ambiental também estariam em fase de finalização.
No
Rio de Janeiro, foram programados projetos e ações em três aeroportos, um
estádio, três ações de mobilidade urbana, uma de segurança pública, seis de
telecomunicações, oito de desenvolvimento turístico e uma relacionada a
estruturas temporárias. Segundo informações disponíveis no site do Tribunal de
Contas da União, para isso, os financiamentos federais ficaram em R$ 1,5 bi,
com aplicação direta de recursos federais de R$ 829,8 mi, estaduais de R$ 862,5
mi e municipais de R$ 514 mi.
Os
custos do Maracanã, que chegaram a R$ 1,2 bilhão, superaram em muito o que
estava previsto. Em outubro do ano passado, mesmo com a obra milionária, o que
os torcedores viam no Maracanã era um verdadeiro caos, com banheiros alagados,
policiamento ineficiente ou inadequado e total falta de informação.
Estudo
do Itaú Unibanco previa que a Copa contribuiria com um aumento de 1,5 ponto
percentual para o PIB brasileiro, entre 2013 e 2014. A projeção, no entanto,
caiu para 1% do PIB, devido à redução nos investimentos programados,
principalmente nos relacionados à infraestrutura, e maior atenção a estádios,
que não oferecem impacto relevante na economia brasileira.
A
Embratur informou no final do ano passado que os turistas que visitarão o
Brasil durante a Copa do Mundo de 2014, entre eles 600 mil estrangeiros,
gastarão cerca de R$ 25 bilhões no país, número que compensaria o investimento
público no evento, de acordo com a previsão do Instituto Brasileiro de Turismo.
"Calculamos que os estrangeiros gastarão R$ 7 bilhões durante os 30 dias
de Copa e os brasileiros o restante desse montante", disse o presidente da
Embratur, Flavio Dino.
Estudo
encomendado pelo Ministério do Esporte em 2010 mostrava que os impactos
econômicos potenciais resultantes da realização da Copa de 2014 podem chegar a
R$ 183,2 bilhões, dos quais R$ 47,5 bilhões (26%) se referem aos impactos
diretos, enquanto R$ 135,7 bilhões são resultados dos impactos indiretos.
Contudo,
nota técnica do Dieese já apontou que é preciso ter cautela com a visão
difundida de que a Copa só trará benefícios. “Uma olhada sobre a Lei Geral da
Copa e outros instrumentos jurídicos voltados para a (des) regulamentação das
atividades que envolvem a realização desse evento mostra que não é bem assim.
Exemplos disso são as diversas formas de isenção fiscal que têm sido
disciplinadas; a intenção da Fifa em suspender parte do Estatuto do Torcedor,
do Estatuto do Idoso e do Código de Defesa do Consumidor; ou a proposta de responsabilizar
a União amplamente por ‘todo e qualquer dano resultante ou que tenha surgido em
função de qualquer incidente ou acidente de segurança relacionado aos eventos’.
O projeto aprovado dá amplos poderes a Fifa, inclusive para determinar o preço
e as regras de Compra e venda dos ingressos.”
Dos
turistas esperados para a Copa, a Embratur calcula que a maioria chegará
procedente da Argentina e Estados Unidos, os dois maiores compradores de
ingressos até agora. De acordo com Dino, Rio de Janeiro e São Paulo, onde serão
jogadas a final e a abertura da Copa respectivamente, serão as cidades que mais
receberão visitantes durante o evento.
Segundo
o último balanço divulgado pela MATCH, em setembro, a distribuição das cidades
mais procuradas são as seguintes: Rio de Janeiro (52%), São Paulo (10%),
Salvador (8%), Fortaleza (7%), Belo Horizonte (5%), e Brasília (5%).
Matéria
publicada no Jornal do Brasil em 2013 alertava para a necessidade do país
começar a atrair turistas de maior poder aquisitivo. Brasileiros continuam
viajando muito para o exterior e gastando mais em suas viagens. De acordo com
pesquisa do TripAdvisor, uma em cada quatro turistas brasileiras pretende
gastar mais de R$ 1.800 só em compras durante uma viagem. Já os estrangeiros
que vêm passear por aqui são mais contidos. Em 2012, o gasto médio diário por
turista estrangeiro foi de US$ 68,94, contra os US$ 71,35 do ano anterior.
A Associação Brasileira de
Hotéis (ABIH) e a FOHB, procuradas pela reportagem, alegaram não ter dados
ainda sobre a porcentagem de hotéis, pousadas e albergues mais procurados pelos
turistas para o período da Copa. É consenso, no entanto, como foi mostrado em
reportagem do ano passado, que o perfil do turista que visita o Brasil é o do
que poupa mais, não gasta tanto quanto os brasileiros em suas viagens ao
exterior, e que chegou a ficar conhecido como o "turista-fusca", que
anda, anda, anda, anda e não gasta nada. As informações são do Jornal do Brasil.
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