A presidente Dilma Rousseff fez nesta terça-feira (24) o
discurso de abertura da 68ª Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU),
que acontece em Nova York. Dilma iniciou sua fala criticando os recentes casos
de espionagem cometidos pelos EUA -- que atingiram diretamente o
governo brasileiro -- e disse que houve violação dos direitos humanos. Dilma
afirmou ainda que a espionagem se trata de 'uma afronta' e 'uma falta de
respeito' que não pode ser justificada como luta contra o terrorismo.
"Jamais
pode uma soberania firmar-se sobre a soberania de outro país. Pior ainda quando
empresas privadas estão sustentando essa espionagem. Não se sustentam
argumentos de que monitoramento destina-se a proteger as nações contra o
terrorismo. O Brasil repudia e não dá abrigo a terroristas. Somos um país
democrático. (...) Não posso deixar de defender o direito à privacidade dos
indivíduos e a soberania do meu País. (...) Estamos diante de um caso grave de
violação de direitos humanos e liberdade de direitos civis", disse.
A
presidente defendeu que a ONU regulasse as ações internacionais e pediu o
estabelecimento de um marco civil que garanta efetiva proteção dos dados que
trafegam na internet. Para Dilma, devem ser criadas condições para
evitar que o espaço cibernético seja "instrumentalizado como arma de
guerra".
"O aproveitamento do pleno potencial da internet passa, assim, por uma regulação responsável que garanta ao mesmo tempo liberdade de expressão, segurança e respeito aos direitos humanos", completou.
Desde
as revelações do ex-técnico da Agência Nacional de Inteligência (NSA, na sigla
em inglês) Edward Snowden, o presidente dos EUA, Barack Obama, tenta
aplacar as críticas contra as espionagens de seu governo. No Brasil, mensagens
de Dilma e operações da Petrobrás teriam sido monitoradas pelos EUA.
O caso
culminou com o cancelamento da visita de Estado que Dilma faria a Obama em
outubro.
Em seu
discurso, a presidente citou diretamente o caso brasileiro. "No
Brasil, a situação foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa
intrusão. Fizemos saber ao governo norte-americano nosso protesto, exigindo
explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se
repetirão", afirmou.
Outros
temas
Dilma
falou também sobre os programas de combate à miséria executados pelo governo
federal e lembrou as manifestações de junho no Brasil.
"As
manifestações em meu País são parte indissociável de nosso processo de
construção da democracia e da mudança social. Sabemos que democracia gera
desejo de mais democracia. Inclusão social provoca cobrança de mais inclusão
social", disse.
A
presidente afirmou ainda que os resultados da conferência ambiental Rio+20,
realizada no Brasil no ano passado, devem servir de eixo para a agenda de
desenvolvimento mundial pós-2015. "O sentido da agenda pós-2015 é a
construção de um mundo no qual seja possível crescer, incluir e proteger."
Segundo
Dilma, o "grande passo" dado na conferência da ONU realizada no Rio
de Janeiro foi colocar a pobreza no centro da agenda do desenvolvimento sustentável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário