Na década de 1970, um grupo de quilombolas no
Rio Grande do Sul cunhou o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra:
uma data para lembrar e homenagear o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, assassinado
nesse dia pelas tropas coloniais brasileiras, em 1695. A representação do dia
ganhou força a partir de 1978, quando surgiu o Movimento Negro Unificado no
País, que transformou a data em nacional.
Segundo a historiadora da Fundação Cultural
Palmares, Martha Rosa Queiroz, a data é uma forma encontrada pela população
negra para homenagear o líder na época dos quilombos, fortalecendo assim mitos
e referências históricas da cultura e trajetória negra no Brasil e também
reforçando as lideranças atuais. "É o dia de lembrar o triste assassinato
de Zumbi, que é considerado herói nacional por lei, e de combate ao
racismo", afirma. A lei federal de 2011 (12.519) institui o 20 de novembro
como Dia Nacional da Consciência Negra. A adoção dos feriados fica por conta de
leis municipais. Diversas atividades são realizadas na semana da data como
cursos, seminários, oficinas, audiências públicas e as tradicionais passeatas.
O Quilombo dos Palmares ficava onde hoje se
encontra o estado de Alagoas e é considerado o maior quilombo territorial e
temporal do Brasil, pois durou cerca de 100 anos. Em seu auge, chegou a abrigar
de 25 mil a 30 mil negros. "Funcionava como um Estado dentro de outro
Estado. Os negros fugiam do sistema escravista e se refugiavam em uma área de difícil
acesso, mas com solo muito rico", conta.
Mas como a comunidade dos quilombos conseguiu
resistir por um século contra o exército brasileiro, que utilizou canhões pela
primeira vez em tentativas de destruir o quilombo? "O quilombo possuía um
corpo bélico, com armas adquiridas por meio de trocas com fazendeiros do
entorno, pela comida que produziam e também por assaltos', explica Martha.
O quilombo também contava com uma rede de
informação grande, onde negros ainda na condição de escravos passavam informações
antes das tropas chegarem ao local. A prática de guerra adotada era a
guerrilha, quando o atacado recua antes do inimigo chegar, deixando o local
vazio. "No mundo, existem outras experiências de quilombos e utilização de
datas importantes da cultura negra. Mas o Brasil se destaca pelo uso que faz do
20 de novembro e pela dimensão que ele tomou".
Fonte:
http://noticias.terra.com.br
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