O
programa federal Luz para Todos completa dez anos na segunda-feira (11) diante
de um gargalo: levar postes e fios a áreas de difícil acesso na Amazônia, onde cerca
de 360 mil famílias --ou 1,5 milhão de pessoas-- esperam o fim da exclusão
elétrica.
Entre
esses sem luz na região Norte do país estão 162 mil famílias já identificadas
pelo governo e que fazem parte da meta do programa fixada até dezembro de 2014.
Há
outras 200 mil já conhecidas, mas que só poderão atendidas após a atual gestão
da presidente Dilma Rousseff. Dessas, 130 mil estão no Pará e 60 mil no
Amazonas.
O
programa, criado em novembro de 2003 pelo então presidente Lula e que
beneficiou 3 milhões de domicílios no país até hoje, já teve duas prorrogações.
Segundo
o IBGE, apenas 0,5% dos domicílios do país não são cobertos por luz elétrica. A
região Norte tem o pior índice: 97,2%. Todas as outras regiões superam os 99%.
No Sul e Sudeste, a cobertura chega a 99,9%.
"[O
Norte] é a geografia mais complexa e dispendiosa. Os programas são mais caros
pois há dificuldades naturais, além da taxa de crescimento [populacional]
superior à média nacional", disse Henrique Ludovice, assessor para
universalização de energia elétrica da Eletronorte.
O
programa depara-se com áreas isoladas, falta de estradas, vias intransitáveis e
dificuldade para se levar material através da floresta e ilhas.
Também
há problemas envolvendo licenças ambientais e de patrimônio histórico, e as
licitações dos serviços.
Em
alguns pontos, pequenas centrais hidrelétricas e fontes alternativas de
energia, como a solar, precisam ser instaladas. Rios, igarapés e ilhas precisam
de cabos subaquáticos para as ligações.
"Até
a questão indígena dificulta, os índios geralmente querem [a energia], mas quem
reluta são antropólogos. Acham que descaracteriza a cultura", disse Robson
de Bastos, coordenador do programa no Amazonas.
O
Luz para Todos é financiado sobretudo (72%) por fundos federais abastecidos por
encargos na conta de luz dos consumidores. O restante da verba vem de
concessionárias e cooperativas de energia, e dos caixas estaduais.
Caso
o programa não seja renovado em 2015, as empresas terão de bancar, sozinhas, a
universalização da rede.
"Pará
e Amazonas não têm condições físicas de terminar o programa. Ou se dá
continuidade ao Luz para Todos, ou uma nova forma de atendimento terá de ser
feita", disse Levi Chavaglia, coordenador do programa no Pará.
Fonte:
www1.folha.uol.com.br,matéria
de Lucas Reis de Manaus
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