A mãe do bebê de 1 ano e dez
meses que teve uma alta dosagem de medicação receitada por um médico cubano
pede o retorno dele para a Unidade Básica de Saúde do conjunto Viveiros em
Feira de Santana. O caso ocorreu na segunda-feira,18, mas só veio a tona na
quarta-feira, 20, quando o vereador José Carneiro (PSL) fez a denúncia durante
a sessão da Câmara de Vereadores. O médico, identificado como Isoel Gómez
Molina, foi afastado das suas funções pela Secretaria Municipal de Saúde, que
instaurou sindicância para apurar o fato.
A
diarista Gilmara Santos dos Santos informou que o médico apenas errou no
momento de preencher a receita, mas que teria orientado a ela a dosagem correta
do medicamento. O menino não tomou a dosagem prescrita pelo médico.
"Trouxe meu filho aqui com febre alta e ele passou dipirona injetável e a
em gotas para eu dar em casa. Ele me disse que eram 10 gotas, já que meu filho
pesa 10.200 kg, ou seja, uma gota por cada 1 quilo. Se tivesse alguma coisa
errada eu mesma teria denunciado", disse.
Gilmara
conta que, como o filho não melhorou, o levou para a policlínica do Feira X e
lá a médica teria solicitado a receita que o cubano teria prescrito. "Ela
me pediu a receita para mostrar a uma outra médica, como não desconfiei
entreguei depois de um tempo trancada em uma sala ela retornou e me entregou o
documento. Foi aí que vi que estava prescrito 40 gotas", afirmou.
Demonstrando
revolta, a diarista acusou a médica de ter feito a denúncia e ter prejudicado
os moradores do bairro. "Ela não teve ética. Fez algo que não autorizei, o
médico me explicou certo, apenas errou. Quem nunca errou? Eles estão com raiva
porque os cubanos estão fazendo o trabalho que eles não querem fazer, pois os
médicos brasileiros tratam a gente como se fôssemos animais, diferente dos
cubanos", frisou.
O
médico estava trabalhando na unidade desde o dia 14 de novembro e foi afastado
no final da tarde de quarta-feira. Em nota enviada pela Secretaria de
Comunicação a secretária de saúde, Denise Mascarenhas, disse que um
procedimento investigatório foi instaurado, com prazo de 30 dias para ser concluído
e que o médico ficará afastado das atividades até o final do
procedimento. "Já comunicamos o caso à Sesab e ao Ministério da
Saúde e iremos apurar para adotarmos as medidas legais",
garantiu, na nota.
A
nota informa ainda que Feira de Santana recebeu doze profissionais do programa
Mais Médicos e que eles passaram por treinamento, no entanto, por conta do
ocorrido, os profissionais passarão por um novo treinamento no final de semana
com a Assistência Farmacêutica.
RECLAMAÇÃO
A
notícia do afastamento do médico levou inúmeros moradores do conjunto Viveiros
para a Unidade de Saúde para reclamar da atitude da secretária e solicitar o
retorno imediato do profissional que, segundo eles, era atencioso e tratava
todos com respeito. Cristiane Araújo Fonseca fiz que levou o filho de 4 anos na
quarta-feira para a unidade com febre, vômito e diarréia e que o médico fez
todos os exames e o medicou.
"Meu
filho melhorou logo graças ao médico. Queremos o médico de volta, passamos mais
de 2 meses sem médico e agora inventam coisa para tirar o médico daqui",
afirmou.
Os
moradores afirmaram que, caso o médico não retorne para a unidade, eles farão
uma manifestação fechando a entrada da unidade. "Se não retornar na
próxima semana, iremos impedir o funcionamento do posto de saúde. A secretaria
deveria ouvir a comunidade e não acreditar em uma mentira", ameaçou Maria
da Glória Martins.
A
Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) enviou nota informando que está
acompanhando, em conjunto com o Ministério da Saúde, o caso e que não cabe a
ela a fiscalização do exercício da profissão médica e sim ao conselho de
classe. E destaca que espera que seja dado ao profissional o mesmo tratamento
dado a qualquer outro profissional brasileiro e que seja garantido o amplo
direito de defesa.
A
reportagem de A Tarde tentou falar com o médico Isoel Gómez Molina, mas não
conseguiu localizá-lo.
Fonte: http://atarde.uol.com.br
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