A
Polícia Militar em parceria com a prefeitura de Queimadas realizou, na ultima segunda-feira
(22), uma solenidade cívico militar para render homenagem a sete policiais
militares executados no ano de 1929, pelo bando do cangaceiro Virgulino
Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Lampião. O evento aconteceu na
praça onde fica a Cadeia Pública, local da chacina.
No
ato, o Comandante Geral da PM, Coronel Alfredo Castro, e o Prefeito Tarcísio de
Oliveira reinauguraram o Destacamento da PM, batizado com o nome de um dos
mártires, Aristides Gabriel de Souza.
Após a solenidade, que contou com
discursos, resumo histórico e desfile de tropa, a multidão acompanhou as
autoridades em cortejo até o Cemitério Municipal, onde, no túmulo dos heróis,
havia sido afixada uma placa em memória deles e foram depositadas corbelhas, em
seguida foi executado o toque de silêncio e feitas orações.
“Um dever que estava
em minha consciência, resgatar a História de Queimadas. Sinto-me gratificado”,
definiu o Coronel Souza Neto, cidadão queimadense e idealizador da homenagem,
ao falar de seu sentimento. Em suas palavras, o Coronel Castro enalteceu a
importância de homenagear os heróis e agradeceu o reconhecimento da sociedade
ao sacrifício deles: Aristides Gabriel de Souza, Olímpio B. de Oliveira, José
Antonio Nascimento, Inácio Oliveira, Antonio José da Silva, Pedro Antonio da
Silva e Justino Nonato da Silva.
O
fato - Na tarde do dia 22 de dezembro de 1929 a cidade de
Queimadas foi palco de uma tragédia de grandes proporções. Seguindo sua
trajetória errante nos sertões, o bandido Virgulino Ferreira da Silva, o
Lampião, à frente de um numeroso grupo de cangaceiros, invadiu a sede do
município para perpetrar uma das maiores barbaridades de sua história recheada
de crimes sanguinários.
Utilizando-se dos
mesmos métodos empregados em centenas de cidades do interior dos sete estados
que atormentou durante quase três décadas, Lampião cortou as linhas de
transmissão do telégrafo da cidade, único meio de comunicação com o mundo
externo à época. A seguir, dirigiu-se à sede do destacamento da Força Pública,
atual Polícia Militar da Bahia, situado na Praça da Bandeira, no centro da
cidade.
Lá,
surpreendeu o efetivo de serviço, composto naquele momento pelos soldados
Aristides Gabriel de Souza, Olímpio B. de Oliveira, José Antonio Nascimento,
Inácio Oliveira, Antonio José da Silva, Pedro Antonio da Silva e Justino Nonato
da Silva, libertando os presos e trancafiando os policiais militares. O
sargento Evaristo Carlos da Costa, comandante do destacamento, atraído pelo
silvo de um apito, expediente utilizado para convocar os policiais militares ao
quartel, também foi preso pela quadrilha.
Com
a aterrorizada cidade sob seu domínio, Lampião passou a saquear aqueles que
possuíam algum recurso financeiro, exigindo quantias pré-estipuladas de acordo
com suas próprias impressões. O sargento Evaristo foi colocado entre o bando e
obrigado a percorrer as ruas da cidade durante o saque, desarmado, sem chance
de esboçar qualquer reação.
Terminada
a operação criminosa, Lampião e seu bando passaram a se dedicar a mais odiosa
das ações encetadas naquele fatídico domingo: retornaram ao destacamento,
posicionaram-se em frente à sede e retiraram, um a um, os soldados presos. Ao
saírem, foram baleados e, com requintes de crueldades, friamente abatidos a
golpes de punhal. Mesmo diante de tão trágicos destinos, registraram-se cenas
da mais enraizada coragem, a exemplo do soldado Aristides Gabriel de Souza que
desafiou o chefe dos criminosos a encará-lo sem a cobertura dos demais
cangaceiros. Por esse ato de bravura, sofreu uma morte mais dolorosa que os
outros, sendo executado com redobrada intensidade.
Poupado
em razão de um pedido feito por uma moradora da cidade, D. Santinha, esposa do
coletor federal, Sr. Anfilófio Teixeira, a Lampião, em função da admiração que
esta nutria pelo policial militar, haja vista a identificação positiva
construída com a comunidade, o sargento Evaristo não conseguiu assistir à
chacina pedindo para morrer primeiro ou se retirar do local, tendo o líder da
súcia lhe ordenado a retirada imediata.
Encerrado
o trucidamento dos policiais militares, Lampião, como prova do seu completo
desprezo à vida, ainda permaneceu na cidade até a madrugada, promovendo,
inclusive, um baile para o qual forçou o comparecimento de inúmeras famílias,
em que pese o estado de choque que tomou conta dos moradores de Queimadas
diante dos acontecimentos.
Por
fim, abandonou a cidade deixando para trás uma população traumatizada pelas
barbaridades presenciadas, profundamente enlutada pelo infeliz destino daqueles
que a protegiam.
As
informações foram extraídas do site Callila Notícias, com redação do Notícias de
Santaluz e fotos: Cidicleiton
Souza (Zé Bim)
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