Neste
momento, circulam peles redes sociais imagens de montagens feitas com o rosto
da presidenta Dilma Rousseff, em que ela aparece de pernas abertas. São colados
adesivos com essa imagem na entrada no tanque de gasolina dos carros, que,
quando abastecidos, passam a ideia de que a bomba de gasolina está penetrando
sexualmente a figura falsa da presidenta.
Segundo
os adeptos dessa aberração machista, a intenção é “protestar” contra o aumento
da gasolina. Parece que para eles a melhor analogia para um protesto é um
estupro, uma violação sexual que ainda é exibida como se fosse algo engraçado.
A penetração, nesse caso, é a punição contra a presidenta, que está sendo
“castigada” por ter subido os custos do abastecimento.
A hipocrisia das
pessoas que compactuam com esse tipo de atitude é desconcertante. Muitos desses
indivíduos fazem parte de camadas conservadoras, que defendem uma suposta
“preservação da família” e uma ideia de moral pautada nos anos 40.
Curiosamente, essas pessoas não refletem e não se preocupam com a mensagem que
estão passando para as pessoas nas ruas, incluindo crianças, que verão a imagem
da presidenta de pernas abertas e darão de cara com a bomba de gasolina
“entrando” em seu corpo dessa maneira.
Essa
prática, que jamais deve ser chamada de protesto, evidencia que faltam
argumentos políticos e embasados em fatos, análises sérias e dados convincentes
para respaldar as críticas contra o governo Dilma. Porque, sim, é possível
criticar o governo atual e até mesmo manifestar revolta sem apelar para
misoginia e analogias de estupro. A presidenta Dilma não deu o seu
consentimento para que isso fosse feito, com essas montagens grotescas;
certamente, essa prática só serve para banalizar e naturalizar, ainda mais, a
violência sexual contra as mulheres.
Texto de Jarid Arraes, extraído do site da Revista Fórum.
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