domingo, 22 de novembro de 2015

RELATO DESESPERADO DE UMA JORNALISTA QUE MORA NA CHAPADA DIAMANTINA

 Leiam seu depoimento abaixo:

Neste final de semana, anunciaram na TV que o fogo na Chapada Diamantina está controlado. O problema é que sou moradora da região e olho da janela e ainda há fumaça na Serra da Bacia. Também tenho notícias de fogo no Morro Branco, no povoado do Capão.
Ambos são locais de difícil acesso, com fendas e precipícios enormes. Na Serra da Bacia, cerca de 20 voluntários estão dormindo há dias para evitar que o fogo cresça. Se ele espalhar, pode atingir o Morro do Pai Inácio, que fica logo à frente.
Combatentes, como Igor (17) anos, não retornaram pra casa nem pra tomar um banho. Na espera do revezamento, se alistaram Zé (15) e Eduardo (13). Até Joana (05) vestiu uma macacão chamuscado pra brincadeira de botar fogo e apagar fogo na porta de casa. O empenho da garotada em reforçar a brigada voluntária evidencia a fragilidade da resposta do poder público para o problema de um gigantesco incêndio florestal no parque Nacional da Chapada Diamantina que já duram semanas.
Segundo Negão, um dos Lideres da Brigada de Campos do São João, os voluntários estão exaustos depois de 10 dias intensivos de combate. Para ele, a desarticulação das forças públicas e seu desconhecimento do terreno acabam forçando que os nativos se exponha mais. “Eles não combatem na noite, e são as pessoas da comunidade quem tem de garantir a vigília no horário de maior risco. A gente não tem equipamento e estamos cansados. Muitos aqui já deixaram de trabalhar só para apagar o fogo e não vemos a Judá chegar” afirma o brigadista. Para agravar a situação, em Campos do São João, comunidade com cerca de 800 moradores, novos focos de incêndios são provocados todos os dias. Só neste sábado foram três. Inclusive contra a caixa d`água  que abastece a localidade.Para Negão, a proximidade com a BR 242 e a sensação de impunidade são o combustível desta onda piromaníaca que tirou a paz do pacato vilarejo. Relatou a Jornalista Gislene Moreira, Moradora do Vale do Cercado, cartão-postal da Chapada Diamantina, e coordenadora do curso de Jornalismo Multimeios da Universidade do Estado da Bahia, em Seabra.




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