O programa Globo
Repórter (Rede Globo) da última sexta-feira (3) apresentou uma série de
matérias sobre a viagem da equipe de profissionais da emissora à Chapada
Diamantina. O Jornal da Chapada publicou texto na íntegra do
jornalista José Raimundo sobre essa visita à região no coração da Bahia e, ao longo do dia, o site vai publicar as
matérias do programa em texto e com link para os vídeos do portal da Globo.
Nessa primeira reportagem, que não segue a ordem da edição que foi ao ar nesta
sexta, conheça a técnica de limpar ouvidos com parafina e com fogo. Além disso,
ainda existe uma série de benefícios devido à alimentação alternativa,
característica do Vale do Capão, distrito do município de Palmeiras.
O
personagem principal desta matéria é o médico clínico Aureo Augusto Caribé, que
apresenta algumas técnicas típicas da região. “Para mim este lugar é assim:
sagrado. É um lugar que eu venho fico aqui quieto, pensando na vida ou não
pensando, fazendo silêncio”, diz o doutor. Baiano de Salvador, Aureo vivia
estressado com a rotina corrida de hospitais e plantões – até o dia em que o
doutor Áureo Augusto resolveu largar tudo e ir morar no Capão. E isso foi há 31
anos. “Quando eu vim morar aqui tinha anos e anos e anos que eu tinha vontade
de morar no campo”, ressalta Áureo Augusto. “Dá um prazer muito grande pelo
fato de ser uma comunidade pequena. Inclusive porque têm estas montanhas ao
redor, dá um sentido muito de família”, completa.
Quando o
doutor Áureo chegou, o Capão não tinha mais que 900 moradores. Hoje, três
décadas depois, a população dobrou. Muita gente que foi embora voltou e muita
gente de fora se mudou para lá. É que a magia daquele lugar atrai quem gosta da
natureza, de paz e sossego. O ambiente cercado de belezas e boas energias,
favorece a troca de ideias e a mudança de hábitos. Questionado sobre a saúde
dos moradores do Capão, o médico Áureo Augusto diz que hoje dá nota sete
“Não dou
dez porque ainda temos muito, todos nós muito que evoluir. Mas se eu comparo
com o que eu cheguei aqui, é realmente uma coisa muito diferente. As pessoas
aqui comem salada, bastante salada. Não era assim mas isso foi se transformando
no decorrer destes anos. E a população é uma população que consome vegetais. E
isso fez com que a saúde melhorasse muito. Eu peço exames com certa frequência,
é muito raro eu encontrar uma pessoa do Capão com anemia. A couve é uma coisa
muito consumida no Capão, brócolis é muito consumido, alface, tomate. Sem
agrotóxico”.
“O povo
do Capão é muito aberto à novidade e que assume rapidamente aquilo que acha
legal. Eles ficam prestando atenção. E eles mudam naquilo que eles percebem que
realmente vale a pena”, conta o médico Áureo Augusto. O próprio doutor Áureo
mudou muito depois que foi para lá.
“Eu
aprendi muito com esta comunidade. Aprendi muito em termos de vida e aprendi em
termos terapêuticos. A pessoa que vai para a consulta no posto, eu posso
receitar medicações, claro, mas também eu posso também, muito frequentemente.
Eu receito alimentação em todos os casos, mudança de alimentação, para corrigir
certos distúrbios. E plantas medicinais. Tem uma quantidade enorme de usos de
plantas medicinais que foram pessoas como o Santinho e essas pessoas que estão
aqui trabalhando que me disseram, que me informaram e eu anotei e estou
usando”, conta Áureo Augusto.
Seu
Emiliano – ou Seu Santinho é um dos responsáveis pela horta de plantas
medicinais que a comunidade do Capão cultiva. E aprendeu uma técnica de limpeza
de ouvido bem diferente. A limpeza é a base de parafina. Espalhada em uma
pequena folha de papel, ele faz um cone. “Eu limpo o meu ouvido com o Santinho.
E ele funciona porque, quando você toca fogo no cone, você aumenta a
temperatura interna do cone. Então, aquele ar quente tende a subir e isso faz
uma sucção”, explica Áureo. Funciona mesmo, mas tem um detalhe importante: a
limpeza só pode ser feita se pessoa não tiver nenhuma inflamação no ouvido.
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