A Bahia, que em 2014 foi o
quarto maior produtor de café do país, com 2,28 milhões de sacas, vem
conquistando o mercado internacional devido à excelente qualidade do produto
cultivado na Chapada Diamantina. Conhecido como café orgânico, sem adição de
qualquer tipo de agroquímico, os micros e pequenos produtores da Bahia estão
conquistando mercados estratégicos e conseguiram chegar até o Vaticano. Há 20
anos no mercado e com outros quatro ostentando marca e conceito de café
torrado, o Latitude 13 Café Especiais fornece, desde 2011, café orgânico para a
sede da Igreja Católica, em Roma, sendo o tradicional cafezinho que é servido
diariamente, inicialmente ao papa Bento XVI, continuando depois com o papa
Francisco.
O fato é que a Bahia, devido
à excelente qualidade do solo, sempre em terreno plano e com altitude máxima de
1.300 metros, conseguiu abocanhar fatias específicas dos mercados de café especiais
da Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e Itália. Grande parte dessa conquista
deve ser creditada ao trabalho do casal de empreendedores Luca Allegro e Juli
Nunes, descendentes de italianos, responsáveis pelo sucesso do Café Latitude
13. Produzido na região baiana de Ibicoara, na Chapada Diamantina, o café
orgânico gourmet detém certificações nacionais e internacionais e segue a
tendência de produção sustentável, de qualidade insuperável. O Café Latitude 13
foi selecionado também pelo famoso chef Jamie Oliver e é servido em sua rede de
restaurantes.
Para a Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) o desenvolvimento e crescimento da
produção cafeeira na Bahia tem importância estratégica porque promove o
desenvolvimento social e econômico do Estado, dando emprego e renda ao
cafeicultor, com elevados índices de produtividade, além da excepcional
qualidade do café ali colhido. A Bahia representa hoje 8% da produção cafeeira
nacional, dos tipos arábica e conilon. O café em grão é o quarto principal
produto do agronegócio na Bahia, com o Valor Bruto da Produção (VBP) calculado
em R$ 1,4 bilhão. O Brasil é o maior produtor mundial de café, 45,3 milhões de
sacas de 60 kg, em 2014.
Café orgânico
certificado
Luca Allegro explica que o café orgânico é certificado pelo Instituto de Biodinâmica de Botucatu, em São Paulo, além de deter o selo de qualidade obrigatório emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), denominado Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (SISORG). Esse modelo foi criado pelo governo para identificar e controlar a produção nacional de alimentos orgânicos. Luca Allegro destaca que o pequeno produtor não “deixa a peteca cair”, com a colheita manual do café feita com extremo cuidado e de forma extremamente seletiva, colhendo-se apenas os bons frutos.
Luca Allegro explica que o café orgânico é certificado pelo Instituto de Biodinâmica de Botucatu, em São Paulo, além de deter o selo de qualidade obrigatório emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), denominado Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (SISORG). Esse modelo foi criado pelo governo para identificar e controlar a produção nacional de alimentos orgânicos. Luca Allegro destaca que o pequeno produtor não “deixa a peteca cair”, com a colheita manual do café feita com extremo cuidado e de forma extremamente seletiva, colhendo-se apenas os bons frutos.
O
presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes
Araújo, lembra que qualidade do café baiano, já testada em vários concursos
feitos pelo Brasil afora, com a característica marcante de serem micros
produtores, muitos deles trabalhando com esforço próprio sem assistência
oficial. Tanto isso é verdade, explica ele, que o Serviço Brasileiro de Apoio
às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) resolveu ser “padrinho” dos próximos
participantes de concursos sobre qualidade do café da Bahia. O objetivo é
“transformá-los em pequenos produtores, de 30 a 50 sacas anuais, dando-lhes
assistência e as condições para crescer e buscar o mercado de restaurantes e
hotéis de luxo”.
Nos
concursos realizados sobre a qualidade dos cafés especiais, os produtores
baianos transformaram-se em vitrine e destaque. No ano passado, por exemplo,
durante a realização do 15º Cup of Excellence – Early Harvest 2014, os cinco
primeiros lugares foram de cafeicultores da Bahia. Esse concurso, realizado
anualmente, tem o apoio do MAPA, da Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), da Aliance Coffe Excellence (ACE) e
do Sebrae. Para o presidente do júri na ocasião, Silvio Leite, idealizador do
evento, a “Chapada Diamantina é um verdadeiro oásis com cafés especiais de
altíssima qualidade, sendo vencedores pequenos produtores que realizam uma
colheita muito seletiva, de frutos bem vermelhos ou bem amarelos, dependendo da
cultivar”.
Mercado promissor
Dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) indicam que a demanda por grãos especiais está crescendo em torno de 15% ao ano no Brasil. O segmento representa atualmente 12% do mercado internacional da bebida, sendo que o valor de venda para alguns cafés diferenciados oscila 30 e 40% acima dos preços praticados em relação ao café convencional.
Dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) indicam que a demanda por grãos especiais está crescendo em torno de 15% ao ano no Brasil. O segmento representa atualmente 12% do mercado internacional da bebida, sendo que o valor de venda para alguns cafés diferenciados oscila 30 e 40% acima dos preços praticados em relação ao café convencional.
Em
alguns casos, dependendo da qualidade, essas cotações chegam a ultrapassar 100%
em comparação ao preço do café normalmente vendido para os consumidores em
geral. Os principais mercados externos são o Japão, União Europeia e Estados
Unidos. Mas existe ainda um longo caminho a ser percorrido pelos produtores de
café orgânico especial: das 20 milhões de sacas consumidas no Brasil, por ano,
estima-se que apenas um milhão seja de cafés especiais.
A
área total de produção de café na Bahia, no ano passado, foi de aproximadamente
142 mil hectares, envolvendo 167 municípios – dos quais 80 têm grande importância
no cenário cafeeiro do Estado – gerando 250 mil empregos. A grande maioria das
propriedades, 86% do total, está vinculada a pequenos produtores, sendo que
apenas 5% representam áreas superiores a 100 hectares, concentradas no Oeste
baiano, onde a atividade é empresarial. A produtividade média é de 16 sacas por
hectare: Cerrado (39,6 sacas/hectare); Planalto (8,1 sacas/hectare). As
informações são do CNA.
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