Com
diversos conjuntos arquitetônicos, a Chapada Diamantina é famosa pela
irreverência de suas construções, que remontam aos séculos passados, quando a
região fez história com os ciclos do ouro e diamante. Rio de Contas, por
exemplo, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), em 1980, com suas imponentes igrejas e casarios. São quase
300 prédios protegidos, sendo um dos três mais importantes grupos
arquitetônicos coloniais da Bahia. Do mesmo modo, Mucugê, fundada no fim do
século XVIII, tem influência marcante do estilo português.
O
Escritório Técnico do IPHAN em Lençóis é responsável pela gestão e preservação
de cerca de 25% dos conjuntos tombados no estado, atuando no Conjunto
Arquitetônico e Paisagístico do município de Lençóis, no Conjunto Paisagístico
do Morro do Pai Inácio e Rio Mucugezinho, em Palmeiras, e no Conjunto
Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Igatu, em Andaraí. Além disso,
atende à demanda de mais 48 municípios entre a Chapada Diamantina e o extremo
oeste da Bahia, a exemplo de Barra, Brotas de Macaúbas e Seabra.
Na
porção norte da Chapada Diamantina, as igrejas da Missão e de Nossa Senhora da
Conceição, em Jacobina, também são tombadas pelo IPHAN. Grande parte da região,
apresenta, ainda, vestígios da pré-história, por meio de registros
arqueológicos, como pinturas rupestres. Selecionamos alguns destaques deste
vasto e incrível acervo. Confira!
Rio de Contas
Primeira cidade planejada do país, apresenta praças e ruas amplas, igrejas barrocas, com edifícios da segunda metade do século XVIII e início do XIX. Rio de Contas é uma das raras “cidades novas” coloniais, criada por Provisão Real, de 1745, que recomendava traçado regular e arquitetura capaz de garantir seu embelezamento.
Primeira cidade planejada do país, apresenta praças e ruas amplas, igrejas barrocas, com edifícios da segunda metade do século XVIII e início do XIX. Rio de Contas é uma das raras “cidades novas” coloniais, criada por Provisão Real, de 1745, que recomendava traçado regular e arquitetura capaz de garantir seu embelezamento.
Lençóis
Seu acervo arquitetônico é constituído por edifícios da segunda metade do século passado, construídos com diferentes técnicas, predominando o adobe, com destaque para as cores vivas.
Seu acervo arquitetônico é constituído por edifícios da segunda metade do século passado, construídos com diferentes técnicas, predominando o adobe, com destaque para as cores vivas.
Casas da Rua das Pedras
“Construções sem recuo, estreitas, do tipo porta-janela conjugadas, com sótão, sendo a maioria originária de meados do século XIX. Nos tempos áureos do garimpo, abrigavam cabarés. Atualmente, têm função de centro comercial, com restaurantes, lojas de artesanato e bares”, comenta o historiador Delmar de Araújo.
“Construções sem recuo, estreitas, do tipo porta-janela conjugadas, com sótão, sendo a maioria originária de meados do século XIX. Nos tempos áureos do garimpo, abrigavam cabarés. Atualmente, têm função de centro comercial, com restaurantes, lojas de artesanato e bares”, comenta o historiador Delmar de Araújo.
Iphan
“Abrigou, por muito tempo, a Casa de Câmara, no térreo, a Cadeia pública, no subsolo, e, posteriormente, a Prefeitura da cidade. A arquitetura dessa edificação faz com que seja um belo exemplar do estilo eclético”, afirma a arquiteta e urbanista Liziane Peres Mangili, especializada em preservação e restauração do patrimônio histórico.
“Abrigou, por muito tempo, a Casa de Câmara, no térreo, a Cadeia pública, no subsolo, e, posteriormente, a Prefeitura da cidade. A arquitetura dessa edificação faz com que seja um belo exemplar do estilo eclético”, afirma a arquiteta e urbanista Liziane Peres Mangili, especializada em preservação e restauração do patrimônio histórico.
Segundo
o historiador Delmar de Araújo, o modelo dos leões foi uma inspiração do
coronel César Sá, um de seus moradores, que, em viagem à Europa, inspirou-se na
arquitetura do Palácio de Alhambra, situado em Granada, na Espanha.
Uefs
“Em estilo neogótico, o sobrado está situado na esquina da Praça Horácio de Matos. Como reação ao neoclássico, o estilo se difundiu e, no final do século XIX, teve grande aceitação, principalmente nas cidades de Lençóis e Andaraí”, explica o historiador.
“Em estilo neogótico, o sobrado está situado na esquina da Praça Horácio de Matos. Como reação ao neoclássico, o estilo se difundiu e, no final do século XIX, teve grande aceitação, principalmente nas cidades de Lençóis e Andaraí”, explica o historiador.
Antigo Vice-Consulado Francês
“Com decoração neogótica, o prédio funcionava como ponto para o comércio de diamantes do Sindicato Francês, atividade que o fez ser reconhecido como Vice-Consulado daquele país durante o auge desse minério. Atualmente, funciona como casa residencial no andar superior e comércio na parte de baixo”, descreve o historiador Delmar.
“Com decoração neogótica, o prédio funcionava como ponto para o comércio de diamantes do Sindicato Francês, atividade que o fez ser reconhecido como Vice-Consulado daquele país durante o auge desse minério. Atualmente, funciona como casa residencial no andar superior e comércio na parte de baixo”, descreve o historiador Delmar.
Mercado cultural
“Uma construção de muitos usos”, explica Liziane. “Erguido do final do século XIX a 1940, o Mercado Cultural de Lençóis já foi espaço da feira livre, do primeiro cinema da cidade, da locação do filme ‘Diamante Bruto’, de Orlando Senna, de bailes e até da primeira TV da cidade, em torno da qual as pessoas se reuniam para ver o telejornal, as novelas e os jogos da Copa do Mundo.
“Uma construção de muitos usos”, explica Liziane. “Erguido do final do século XIX a 1940, o Mercado Cultural de Lençóis já foi espaço da feira livre, do primeiro cinema da cidade, da locação do filme ‘Diamante Bruto’, de Orlando Senna, de bailes e até da primeira TV da cidade, em torno da qual as pessoas se reuniam para ver o telejornal, as novelas e os jogos da Copa do Mundo.
Sua
fachada voltada para o rio Lençóis, com as pedras aparentes, possibilitou uma
perfeita integração com o cenário natural, dando um aspecto paisagístico
peculiar à cidade”, completa a arquiteta.
A ponte
“Três arcos plenos, também conhecidos como arcos romanos, formam essa ponte, de aspecto forte e maciço. Originalmente, ela tinha revestimento de reboco, que foi removido durante a obra do Programa Monumenta, no ano 2000, com o intuito de deixá-la mais integrada ao leito do rio. Alguns escritores contam que a argamassa foi composta por clara de ovos e azeite de mamona”, descreve Liziane.
“Três arcos plenos, também conhecidos como arcos romanos, formam essa ponte, de aspecto forte e maciço. Originalmente, ela tinha revestimento de reboco, que foi removido durante a obra do Programa Monumenta, no ano 2000, com o intuito de deixá-la mais integrada ao leito do rio. Alguns escritores contam que a argamassa foi composta por clara de ovos e azeite de mamona”, descreve Liziane.
Igatu
Com suas ruínas de pedra, a vila é famosa pelo apelido de “Machu Picchu” brasileira, numa referência à histórica cidade peruana. “Por usarem pedras irregulares, de diversos tamanhos e formatos, os garimpeiros construíam a maioria das paredes das casas e os muros como um sanduíche: por fora, colocavam as pedras maiores, e por dentro, como uma espécie de recheio, pedras menores, como o cascalho. Muitos muros e paredes eram feitos com junta seca, usando-se pequenas lascas de pedra incrustadas.
Com suas ruínas de pedra, a vila é famosa pelo apelido de “Machu Picchu” brasileira, numa referência à histórica cidade peruana. “Por usarem pedras irregulares, de diversos tamanhos e formatos, os garimpeiros construíam a maioria das paredes das casas e os muros como um sanduíche: por fora, colocavam as pedras maiores, e por dentro, como uma espécie de recheio, pedras menores, como o cascalho. Muitos muros e paredes eram feitos com junta seca, usando-se pequenas lascas de pedra incrustadas.
As
argamassas de assentamento ou de revestimento (reboco) eram feitas com barro e
cinzas, para dar a liga, cobertas com palha ou telhas. Por usar materiais
locais e reaproveitados de outra atividade, essas habitações podem ser
consideradas extremamente sustentáveis”, destaca Liziane.
Igreja de São Sebastião
A beleza das praças da cidade
Construído de 1854 a
1886, o cemitério de Santa Izabel está na encosta rochosa da Serra do Sincorá.
A escolha do lugar foi resultado da presença de uma epidemia de cólera, que
levou a igreja a proibir os enterros no templo religioso.
O arranjo
paisagístico integra os mausoléus, que lembra as “locas” ou “tocas”, antigas
habitações dos garimpeiros. Mais informações estão disponíveis no Arquivo Noronha Santos,
do Iphan. Matéria de Verusa Pinho extraída do site Guia da Chapada
Diamantina.
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