sábado, 19 de dezembro de 2015

HYLDON TOCA EM SALVADOR APÓS 40: ‘ APRENDI A RESPEITAR O SUCESSO E AGRADECER POR TER HITS’

Hyldon nasceu em Salvador, viveu em Senhor do Bonfim e desde os sete anos de idade radicou-se no Rio de Janeiro. As visitas à Bahia rarearam após a morte da mãe, em 1998, mesmo ano em que ele perdia o grande amigo Tim Maia. Agora o cantor e compositor volta à cidade natal neste sábado (19) e domingo (20), para fazer quatro shows intimistas, na Caixa Cultural, encerrando ao mesmo tempo o projeto Palco Brasil e a temporada comemorativa dos 40 anos do seu primeiro LP, “Na rua, Na Chuva, Na Fazenda”. “Vou lá na Igreja do Bonfim, tomar benção. Vou comer muito acarajé, ficar mais uns dias pra curtir a cidade, ver parentes, amigos. Estou  muito feliz de ir tocar em Salvador”, conta o artista, revelando que apesar de já ser um pouco carioca, ainda mantém influências baianas. “Eu acho que como já dizia Freud, a primeira infância marca muito a gente. Coisas até sete anos, não só musicalmente, mas o tempo que vivi ai carrego comigo direto. Uma das coisas que eu faço questão de manter, por exemplo, são as comidas. Tenho minha cuscuzeira, tenho hobby de gostar de cozinhar, então faço minhas moquecas com todas as coisas que tenho direito. Faço minhas tapiocas, engraçado que minhas filhas foram criadas com comida baiana”, afirma o cantor. Foto
Sua última apresentação na cidade foi nos anos 70, culpa do “destino”, que o traz de volta dentro de um projeto que tem tudo a ver com sua nova fase profissional. “Antigamente eu não gostava de fazer show porque tinha que ficar repetindo música, enquanto eu queria tocar canções novas. E o som naquela época também não era legal, mas de uns anos pra cá desenvolvi um jeito de ter prazer tocando. Perdi essa coisa, e em vez de ficar ‘pô vou ter que tocar ‘Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda’ de novo?’, hoje dá um prazer muito grande ver as pessoas cantarem uma música que já tem 40 anos e ter aquela energia. Quando toco parece que eu estou numa cápsula. Parafraseando a minha própria música, parece que eu estou isolado de todas as dores do mundo”, revela o artista, dizendo ainda que atualmente se diverte muito com o público. “Quando acaba o show eu gosto de conversar com as pessoas. Não me tranco no camarim como eu fazia. Acabava o show e eu precisava me isolar”, diz Hyldon.

Desta vez ele não terá que esperar o fim das apresentações para estabelecer este contato com a plateia, já que o projeto prevê, além do repertório musical, um espaço para o artista conversar. E Hyldon não terá a menor dificuldade nesta missão, já que aprendeu esta arte com um mestre e não lhe faltam causos para contar. “Sou o maior contador de história. Quando Collor pegou o dinheiro dos direitos autorais e não tinha show para fazer, foi um período horrível, e eu resolvi trabalhar para criança, que é uma coisa que eu gosto muito de fazer. Eu fui trabalhar com o Seu Boneco [Lug de Paula] da Escolinha [do Professor Raimundo], que era meu amigo. Eu montei uma produtora com ele, viajamos o Brasil inteiro. Passei uns cinco anos trabalhando com crianças. Foi muito bom pra mim, e uma coisa que reflete hoje no show, é que trabalhei com Chico Anysio [pai de Lug]. E eu aprendi muito com ele, de como é que você conta um caso, como é que você fecha, então no show eu uso muito isso. Eu vou contando umas histórias, e através do riso, do humor, sem uma coisa estereotipada, você vai soltando a plateia também”, explica o artista. 
Dentre os temas pincelados pelo cantor nas apresentações, não ficarão de fora histórias sobre sua amizade com Raul Seixas - de quem foi vizinho e amigo nos anos 70, além de sua relação com Tim Maia. Segundo ele, somente os causos que tem com os dois amigos, dariam para escrever um show de 10h. O público baiano poderá conferir ainda homenagens aos parceiros Tim e Cassiano, considerados, junto com Hyldon, a “Trindade da Soul Music”. “Os dois foram muito influentes na minha vida, inclusive porque eu era bem mais novo que eles. Tim era meu conselheiro, ele me tomava como tio, me dava conselhos. Era engraçado, tipo aquilo ‘faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço’. Todos os discos da década de 70 do Tim eu gravei com ele. Em 81 a gente gravou junto ‘Velho Camarada’, que foi trilha de novela”, lembra Hyldon, que foi regravado e hoje transita muito bem também por várias gerações da música brasileira. Em 1996, por exemplo, dois hits do artista estouraram com versões do pop rock brasileiro. O Kid Abelha regravou “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda” no álbum “Meu Mundo Gira em Torno de Você”, e ainda fez um videoclipe com a participação de Hyldon; enquanto “As Dores do Mundo” foi uma das faixas do primeiro disco do Jota Quest. Já no campo das parcerias, o cantor e compositor encara novos desafios e sempre se renova. “Eu acho assim, eu sempre fiz minhas coisas sozinho. Sempre cometi meus crimes sozinho, mas também sempre compus com outras pessoas e sempre gostei de fazer isso. Tenho vários parceiros, e há uns dois anos eu comecei a querer experimentar mais essa coisa de compartilhar, coisa que vem até da internet. Quando estou fazendo música sozinho é uma coisa, e quando você faz com parceiro é outra. Por exemplo, Zeca Baleiro é um parceiro mais constante e às vezes ele manda a letra pra mim, ou mando pra ele. Fiz parceria também com Mano Brown, com a Céu, Arnaldo Antunes. Então, assim, quando você faz com a outra pessoa, as vezes você lidera e as vezes você segue a pessoa. É um exercício, você não sabe onde a música vai dar e às vezes ela vai para um lugar que não é a sua zona de conforto. São experiências muito legais”, conta o músico, que já se adaptou e aprendeu “a respeitar o sucesso e agradecer muito por ter alguns hits que marcaram a vida das pessoas”. E a produção não para. Com o fim da turnê, Hyldon, que já gravou a primeira música e compôs outras tantas, já prepara um novo trabalho, classificado por ele como um disco de baladas e balanço.  SALMAR SANTOS Com informações do Bahia Noticias.

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